SOBRE EDITORES E POETAS*
Todos os jovens poetas odeiam editores. E eles estão certos. Quando um poeta é tolerante com um editor — ou um editor com um poeta — isso não é um sinal saudável, pois significa que ambos deixaram de estar atentos.
Um jovem poeta cheio de ira é o melhor amigo do editor. Ele pode ser arrogante, insolente, mas é capaz de ser honesto. Quando o editor sugere cortes ou mudanças em seu poema, o poeta se enraivece e fala ao editor o que pensa sobre ele. Isso induz no editor um espírito conveniente de humildade (e não estou falando dos editores que insultam de modo tão suave e impermeável como um estofado de sofá!). Isso também alivia o poeta que, quando se acalma um pouco, começa a se perguntar se seu poema não pode ser aprimorado com uma sugestão do editor ou com uma nova ideia que ele próprio teve. Ambos, portanto, continuam com esse fundamento puramente humano de dar e receber, sendo, de modo saudável, antagônicos e sociáveis.
Mas entre o poeta estabelecido, cuja reputação está mais do que consagrada — embalsamada —, e o editor que não tem mais plasticidade do que um poste de amarrar cavalos não há qualquer atrito. Eles são mutuamente tolerantes um com o outro. Por que? A relação entre eles é simplesmente a de um produtor com um varejista de qualquer mercadoria razoavelmente básica, como açúcar, melaço, ou queijo verde.
Claro que é preciso ter habilidade para ser poeta! Mas e para ser ser um editor? Basta um par de tesouras, um lápis azul e um frasco de cola! Todo o poeta em mim odeia o editor. O editor em mim jura que sou uma poeta muito ruim; o poeta sabe que o editor é um tolo. E nenhum deles está completamente errado!